terça-feira, 25 de novembro de 2008

Quero ser poeta. 

É o que queria desde sempre mas não sabia. Apenas escondia esse querer por trás de poeminhas ruins de uma adolescente descontextualizada de 14 anos. No final sempre foi esse descontexto, esse estar fora.

E agora é isso. 
Quero ser poeta.

Viver para ganhar dinheiro (ou ganhar dinheiro para viver) é  a anti-poesia que mais me leva para lá.

O problema é que não fumo nem tomo whisky...

domingo, 16 de novembro de 2008

ele transborda meus dias de sertão...
nem sei do mais que poderia dizer, mais que já tenho dito (e digo).
Foi esse encotnro (e é, e continua sendo)!
Foi esse olhar pras coisas de azul, foi um que me agarrou de ave.
Sou eu e meus sistemas,  e ele com suas aves.
E é isso (aves, ventania, tempestade, sertão).

Com ele eu subo o espinhaço, enfrento tempestades, atravesso o cerrado.
Compro terreno e construo casa com vista pra Luzia. 
Enfeito o céu de ipê amarelo, a entrada de flores vermelhas, e coloco cortina de renda na janela da cozinha!

Com ele eu mudo pro sertão (vou morar no cerrado)!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

de cinza radiante (ou como gostar de dias nublados)

Eu que sempre precisei do azul do céu para me ampliar me vejo contemplando o cinza radiante de dias nublados.

Mas eu sempre fui das belezas urgentes.

Posso ver beleza num galho seco que sombreia o céu azul. Posso ver beleza em cachos cor de rosa que aguardam o suporte do chão para renovar as folhas. E posso ver beleza num espinhaço de rochas retorcidas pela água de um rio que some e reaparece. 

Posso! 

Não que não haja beleza num céu cinza prateado de nuvens impelindo água. Mas eu sempre fui urgente do azul (com nuvens esparsas compondo suaves flocos de açúcar). Porque já sou de muito verde e vermelho (que trago embrenhados em mim); e essa terra de que sou feita (de sedimentos e territórios) e me deixa ocre. 

Mas o cinza, o cinza é novo! 

É novo esse contemplar. É novo o compartilhar. 

Eu que sempre me acostumei de temores, que sempre me precavi das perdas, que sempre me fiz invólucro das desilusões antevistas (prenunciadas). Me fiz exposta. 

Hoje percebo que há muito mais entre nós que eu poderia supor no saguão do Aeroporto de Congonhas, esperando a conexão para Florianópolis. Há muito mais que cachos acastanhados (um tanto preteados, olhando mais atentamente). Há muito mais que esse sorriso de engolir o espinhaço. 

Há essa inexplicável sensação de fatalidade (não no sentido fatal do termo). Esse sentir tão óbvio de que um estava no outro (só não nos conhecíamos). Esse sentir das coisas simples, o aproximado das desilusões (e o hábito de se desiludir). 

E principalmente, essa querência de entrega. Porque havia, amor, ainda que tentando se esconder por trás das certezas de objetividade e metas pré-definidas, que no fim sempre encontram uma pedra no caminho, pedra que de repente pode fazer esquentar – mais que os pés – a noite... 

Esse querer sublime e urgente de se sentir no outro. O ter de uma forma suave e ser retribuído com uma facilidade simples. O saber e (re)conhecer os olhos do outro (nos olhos). Esse olhar que vejo sempre, que reflete o sol refletido de lua, e reflete a lua. 

E a falta que não cabe na espera constante pelo retorno (mesmo quando ainda se está, quando ainda se espera a partida). 

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

troquei as reticências por exclamações!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

sobre ir e vir (de um jeito arqueo-antropológico)

Nessa vida é preciso aprender a lidar com as idas, esperar a volta (adoecer a espera, angustiar a ausência, bater freneticamente os pés no chão, suar frio a mão, esperar, esperar, esperar...).

E a falta que não cabe na espera constante pelo retorno (mesmo quando ainda se está, quando ainda se espera a partida).

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

enquanto deveria estar fazendo qualquer outra coisa

sigo fazendo o que não deveria fazer (tecendo palavras tortas quando agora é hora das palavras retas)
eu me perdi das palavras retas, não sei onde coloquei o último ponto final (onde foi parar a évelin da guerra, dos paulistas, dos emboabas?)
virou capitu!
esse ser totêmico que tem habitado meu corpo e só quer transgredir (voltar ao tempo em que causava frenesi em bisavô caduco)
transgredir e dizer que pedra é sorvete, e olhar pro céu e ver o que está lá só querendo ser visto!

capitu...
(ainda bem que palavras retas podem entortar e virar prolegômenos e palimpsestos, e bom que eu ainda posso ser o que bem quiser: Indiana Jones, Mutante, Vampira, Princesa, filha bastarda, irmã gêmea trocada na maternidade, professora, minha mãe, eu!)
Descobri que tenho poderes "naturais" (vou embarcar num yellow submarine)

terça-feira, 22 de julho de 2008

mais do mesmo - divagações alucinadas para um que está pra lá pras bandas do sertão

parece que junta tudo no mesmo pacote: tpm e desapontamentos!
é um processo, sabe?! Um processo longo...
é sempre assim, acho que com quase todos... Em algum momento é preciso mudar! Em algum momento é preciso fazer o mundo girar...
Tô aqui, chorando, não sei se minhas mágoas, minhas tristezas, minhas raivas ou se é só TPM mesmo...
então resolvi selecionar minhas músicas preferidas e por pra tocar na vitrola eletrônica (porque isso já estava ficando muito melodramático). Além da minha querida Vanessa, meus Beatles, a poesia do Cordel e a Adriana (pra lembrar você), pus também uma música que diz dos momentos das esperas das lembranças. E como não sei se choro de saudade ou se é só TPM mesmo... resolvi te mandar parte da letra da música de uma banda que eu nem conhecia de uma série que eu sou viciada. A letra vai no final. E é isso, e seus olhos falam disso. Não de algo que está perdido, mas desse avivamente que eu quero reencontrar. Em seus olhos. Eu aqui, perdendo o último trem, buscando carona numa revoada de pássaros...
Enquanto eu escrevi passou minhas Beatles preferidas, da solidão das pessoas e do amor (meio brega, mas eu gosto do instrumental - e da letra também) - All you need is love! Agora começou a tocar minhas bachianas. Como não tenho a versão com a letra do Edu Lobo, ouço só Villa-Lobos (o que já é muita coisa). Mas gosto da letra: lá vai o trem com o menino... Tem outra do gênero que eu gosto, mas nunca acho pra baixar. É uma que diz que "é assim, bem barroco sou eu"...
Então começa o cordel (o amor é filme! eu sei porque sei muito bem como a cor da manhã fica!... a felicidade da dúvida a dor de barriga!) e anjos, meninas de aruanda, poemas pra se um dia sesse, óim que num vejo já faz tempo (umas 2 semanas, assim, mas parece mais)...

(tô começando a ficar melhor: culpa do cordel, de lisbela, do filme, do amor, da comédia, da luz, da dor de barriga e do mundo todo virando nós dois)

eu tenho certeza que é TPM, vai passar...

(terminando com meus hermanos e o amarante me contando que encontrou - como eu encontrei - e até na fila do pão sabem que eu te encontrei; então me diz o que é o sufoco, eu te digo o que é o sossego...)

Tanto clichê, deve não ser (e eu sigo essa onda e pego carona, pra te acompanhar)...

(o que eu mais queria era me entregar)



Missed the last train home
birds pass by to tell me that i'm not alone
well i'm pushing myself
to finish this part
i can handle a lot
but one thing i'm missing
is in your eyes
(...)

have you seen this film
it reminds me of walking down the avenues
well i'm washing my hands of attachments, yeah
i will land on the ground
but one thing I'm missing
is in your eyes
(...)

Fico por aqui, já alucinei demais!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

ele tem cabelo de lua
a falta aumenta na ausência da palavra
e eu sou um ser impregnado de precisanças e porques intermináveis (incontáveis)
sei criar assim, no des-espero dessas noites sem palavras
(logo hoje que eu amarrei a lua com barbante pra ela não fugir da minha janela - só pra eu poder contar pra você)
era um dia sete, e era uma lua nova
fiapinho de lua como tá hoje
sou um ser impregnado de ausências
repleto de precisanças
urgente de palavras
urgente de diminuir a distância e a incerteza
(naufrago na certeza, é onde perco a dimensão de até onde sou - ou onde vou)
não caibo em minhas faltas constantes
é a dor da falta criativa
(eu não nasci das felicidades, eu me embriago com o vento pra fingir minha liberdade)
tenho dificuldade de estrelas e de infinito
(é disso que vem minha claustrofobia)
mas antes tenho medo de sentir (medo)
é um medo que antecede o medo

sigo sendo feita de nadas
e continuo a escrita em letras curtas diminuindo a cada vez
(já não me importo com as regras)
o vento foi pras bandas do sertão
palavras me fugiram essa noite (por isso prendi algumas nesse papel vertical)
minha embriguez fugiu de mim (até o fim do mês)
palavra alucinada em noites de lua (ou sem lua)
quando volta?

domingo, 6 de julho de 2008

ela tem um cabelo de sol

domingo, 15 de junho de 2008

intermináveis noites

Eu já disse como a noite escurece meus olhos? Parece que vai nublando a alma...
Sinto medo todos os dias; das 6 horas da tarde às 6 horas da manhã.
Sinto a noite ofuscando tudo.
A noite me aumenta pra solidão.
Da janela do meu quarto não vejo as estrelas (era pro céu me ampliar?)
As paredes me diminuem de temores.
A dor do nada nasce em noites escuras de céu desanuviado; da dor de estar só em noites de estrelas escondidas atrás da janela.
As espirais gotejam a falta; lágrimas no azul imenso do vermelho da aurora só podem trazer o dia.
As espirais foram feitas de aurora.

domingo, 1 de junho de 2008

de partida para lugar nenhum

é hora de sair de cena
junto meus cacos, recolho a cola (tudo na sacola)...
é hora de deixar ir, e ir...
nesse deixar e sair não há despedida, não há quem vá nem quem fica...
há o saber de ser deixado
(por mais que me tentem agarrar, me deixam ir)
não há despedida, não uma explícita despedida
há a palavra escrita que diz do que foi, do que sentiu e do que ficou
esse ficar das coisas sentidas
há esse pesar da dor de partir, partir sem nem sair do lugar
esse partir de um estado de inércia onde não há mais onde
(onde o horizonte se estreitou)
quando partir é por vezes significativo para uma das partes
(e a dor é apenas dela também)
esse partir noturno, de céu sem lua (que busca outra lua por hora que quer ser prolongada)
esse partir preciso e urgente, que já transgride a sanidade que falta
esse parte que é de um (eu sei, e a dor é de um, o um que foi único durante todo o tempo, a viagem, o processo, a construção do que nunca existiu)
o um construiu o irreal mais profundamente vivido (é o máximo de viver fora da vida, esse construir uma não realidade)
e a palavra que não quer sair, porque enfatiza o partir, porque diminui o um, porque deveria ser mas sempre se escondeu em poréns e "e ses"
relação
esse não estar constante, esse partir constante, essa dúvida constante
é hora de deixar a não relação, a anti-relação
já passou da hora (eu digo, sem "e ses", porque e se já me cansei, e se você nunca está, e se você não quer)
já passou, por hora, já passou
sem sair do lugar
(é apenas a confirmação do que já estava previsto no início do script)

terça-feira, 13 de maio de 2008

o clichê da esquina

O que é beagá?
É só o lugar ou é a pessoa?
Para sentir a falta é preciso saber do cheiro?
Mas como é a cor do cheiro de um lugar que só sabe ser pessoa?
É também muita pretensão de uma pessoa querer ser o lugar para alguém...

Você pode sentir o cheiro?...
Quando me distancio penso no cheiro, penso no vento, penso no toque
No calor do sol dessas tardes que já esfriam...
Penso em quanto querer de te mostrar beagá em todos os ventos, em todos os calores (mesmos nos calores frios de outono)
Acho que prefiro o outono – ainda sou aprendiz de sentir

Quando me distancio sinto falta do sol
O sol amanhecendo na janela da sala
Entardecendo na Avenida José Cândido
Mesmo quente e irritante ao meio-dia
Frio e aconchegante às oito horas
Seco e vermelho às dezoito horas

Penso... será que a falta é minha?
Será que me faltará beagá e todas as esquinas cansadas de um clichê batido?

E me faltará caminhar madrugadas pelo centro entorpecendo a noite, encarando o vento, destemida contra o noturno em companhia das melhores figuras alucinadas de cervejas desvairadas (quando poderia caminhar sem me preocupar – com o que todos se preocupam porque não pensam, pobres, que dormem, a noite dorme, o céu dorme, a praça dorme, Pedro e Carlos dormem, a Bahia dorme, e até o governador dorme)

Nessas noites andantes dançantes
(eu que nunca subi no arco mas sei que tenho mosquetes ou uma mosqueta, ou uma moça ensaiada arrodada que sempre – sempre! – acompanha)

Sinto que tenho tanto para sentir e não queria deixar o querer

Tão doce é a falta, tão morna e lenta
E você quer? Queria sempre saber do clichê da esquina
(porque eu sou tão clichê)

sexta-feira, 2 de maio de 2008

cansei de me cansar de ouvir palavras dispensáveis no segundo "encontro"...
cansei de não estar e nem ser um possível estar...
cansei de ser deixada de lado e nunca ser prioridade...
cansei de não poder sonhar, não poder voar...
cansei de não me permitirem amar!
cansei dos homens!
porque pessoas que não se querem vivem se encontrando?

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Série - não palavras de campo

Ainda perdida pelas bandas do São Julião, há mais de 20 dias...

Sinto cada vez mais falta. Ando me sentindo sozinha. É essa solidão de amigos, de irmãos, de mãe e pai, de amores.
Penso no chegar e no abraço forte.
Penso em deitar ao lado de Emeli e ficar ali.
Penso em dar vários beijos fortes...
Penso na falta que é minha e que talvez não seja dele.
Penso em mãe e em mais saudade...

Penso em arqueologia e vem mais saudade. Das pessoa, dos artefatos, da terra.
Onde tem mais de mim? Penso nas fotos e nas palavras.

Me perco de novo.
Me perco em tornar o novo cotidiano e já não diferencio tristeza, cotidiano, solidão, satisfação, emoção.
Tudo se misturadas em misturadas - e separadas - realidades. E a minha no meio - mas tão parcial a uma delas. Eu sei que é por ser filha de quem sou!


(Comunidade Quilombola de Marques, 20 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo - última narrativa épica)

Série - não palavras de campo

Sinto falta de mãe e queria saber das novidades de irmãs (das aulas). Sinto falta do entardecer na rua Conselheiro Lafaiete. Do cheiro da tarde quando o sol já se esconde atrás do prédio mais alto sombreando metade do quarteirão.

O cheiro do pão. Café. O vento frio do alto do bairro descombinando com o sol.

Beagá falta em mim.

(Comunidade Quilombola de Marques, 15 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

Série - não palavras de campo

Bichinhos de luz. Esses seres fantásticos que compõem a fauna noturna que cisma em habitar nossos quartos. Como eles eram chamados antes d invenção da eletricidade?

Uma aranha me espia do alto.




(Comunidade Quilombola de Marques, 11 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

Série - não palavras de campo

(terceira narrativa épica insensata do dia: terceira cor da caneta - a quarta eu usei ontem). Pra quem não tá lendo o meu diário (que não é de campo, só está em campo - é um diário itinerante de capa vermelha) a cor é PRETA!

Pois bem, essa terceira nota incoerente do dia é só pra dizer: o que fizeram com a minha letra?! Tenho escrito feito minha avó (Dona Rosa)! Que "V" é esse? De onde eu tirei esse bracinho dele? Alguém me engoliu...

Tenho uma letra para cada trabalho de campo. Ah, não! Essa é a letra bic 4 cores! Olha aquele "pois" no parágrafo anterior: porra... da vó Rosinha!



(Comunidade Quilombola de Marques, 04 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

Série - não palavras de campo

Me deram uma caneta de 4 cores. Agora meu caderno de campo parece um carnaval. Disseram que era pra eu escolher a cor conforme o tema. Mas.. quem disse pensou em 4 temas. Tudo desandou quando os temas tomaram vida própria e começaram a se articular uns com os outros.

Será que quem escolheu as cores da caneta (ou a caneta de quatro cores) pensou que falar de território-parentesco-história pode estar na mesma frase?

Antes da bic 4 cores existir como se fazia etnografia?
(será que só eu não consigo manter um padrão cromotemático?)



(Comunidade Quilombola de Marques, 04 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

Série - não palavras de campo

Não vou me prolongar em narrativas. Elas já são extensas. Apenas queria dizer da falta que vem com a noite. Falta de qualquer coisa que ficou lá, de onde venho ou onde quero. Um suspiro e um olhar vago. Falta que diz que nenhum lugar é preenchível. Falta de sempre.

Onde nos sentimos completamente (ou com quem)?



(Comunidade Quilombola de Marques, 03 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

terça-feira, 1 de abril de 2008

doce palhaça de nariz de glacê

sexta-feira, 28 de março de 2008

não chega a ser um conflito, mas é reconfortante querer alguém.
desistir desse querer (de tanto tempo) é quase como terminar uma longa relação:
tem o vazio que marca a falta de um querer
tem o medo que persegue a imprecisão de um novo querer
tem a solidão do abandono
(que é de nós mesmos, que é do outro que se sabe que quer, e que quer também - mesmo daquele jeito meio sem jeito, meio não querendo)

tudo gira em torno do querer
eu poderia passar muito tempo aqui, quieta, recostada nesse querer leve, sereno..
se ele não me alfinetasse de saudade, raivas e melancolias vez em quando
se seu lado obscuro não me causasse tanta ansiedade

eu sei que eu poderia ficar aqui, cozinhando esse querer
querendo que ele me quisesse, mais... mais...

e o fato é que perceber que o que está em jogo é o querer é como perceber o quando subjetivo é isso (o que quer que seja) que eu tenho vivido!
Meu querer é tão concreto quanto palpável!
ele existe, não duvido, porque sinto!
E é apenas dele que abrirei mão...

por hora, sigo cozinhando meus desejos, temores, ansiedades, necessidades!...
(não quero mais falar)














Não nasci com dom pro samba, eu me dei pro samba!
Ele se embrenhou em mim...
O samba me quer de olhos fechados...

quinta-feira, 27 de março de 2008

negro o hoje desde ontem
sigo fora de mim e embruxada..
eita, quem me encasmurrou?!...

quarta-feira, 26 de março de 2008

Hoje eu não tô boa
Há duas noites que durmo gripada e hoje acordei mal-humorada
Hoje não é dia que se venha falar do dito pelo não dito que ficou pra última hora e que pra agora
Hoje é dia que quero ser paparicada
(não me peça pra chegar em 40m)

Hoje não tô pra esses serzinhos meia boca
(já disse do meu humor?)

Meu mar não tá pra peixe
Hoje era dia de ter resposta e não ficar no vácuo
Hoje queria tudo e esses prolongamentos de imbecilidade
Hoje queria o infinito e acabar com essa gripe idiota de ar condicionado

Poder comer sem perder o ar
Poder ler sem bocejar (e me concentrar)
Queria acabar com essa inadequação (prolongada pela gripe e pelo email que não chegou e pela previsão de tarefa já cumprida)

Na verdade eu apenas acordei gripada, pensando bem não estava mal-humorada
Fui é ficando puta no meio da manhã!
(isso tudo é uma grande merda e quem deveria fazer ficar melhor não se esforça; existe solução pra mensagem sem resposta, pra leme sem rumo?)

sábado, 1 de março de 2008

Um pouco de Drummond (pra palavrear o momento)

Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

sábado, 26 de janeiro de 2008

para ju...


vc viaja e me deixa aqui em beagá com chuva... até queria companhia, mas qual poderia ser? esse não estar constante, e nem sei quando estar é físico de verdade...

pro bem ou pro mal decidi que preciso me curar! essa coisa de paixão é doença... estou embruxada, já disse e não duvido. E sei também que não quero mais, não quero mais paixão, não quero mais essa doença. Eu era feliz (não era?!), eu me divertia, dançava, sorria... Eu saía e arrasava!!! Agora é só a chuva e o sofá e um dvd... não quero essa évelin apaixonada e arrasada... Quero voltar a não sentir nada (Socorro!!! E estou sentindo MUITA coisa). E tudo dói...

A solidão é um estado aberto para inadversões. Prefiro curtir uma solidão cercada de amigos ao som de um samba... essa que tenho sentido, solidão de paixão doída, tem me acabado o coração... e a aflição que vem acompanhada, chegou no limite da sanidade!

Então é isso.... esse é o ponto em que estar apaixonada deixa de ser divertido!
Não quero... Quero a felicidade dos corações vazios!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

pra daqui da cidade de lá

me despeço da chuva da cidade
de onde venho só vou
e tenho ido de muitos
e tenho deixado aos tantos
e dos que quero só tanto
da saudade que levo (não sei se fica)
daquele que quero, promessa
do não sei do estar ou se fica
do quando vou, nem sempre tenho
e tenho mais quando longe
talvez o longe aumente o perto
porque o perto insiste.... insiste em responder o que não quer pergunta
e digo agora que vou que fico sempre por perto
da cidade que deixo levo a serra
pras outras serras que busco
da rua e da chuva e das luzes
e da janela longa ao longe
do mar extenso (sem água, sem sal)
do mar de morro que busco outros agora
(que esses daqui não deixo nunca)
do que levo sempre deixo
e levo medo
(não das ruas, por onde me perco, sei dos 41 "brasils" que sempre beberei)
medo de carnaval ser sem colombina
(medo que mesmo não está na cidade)
sei da hora que passa, do momento que passa e a hora que chega
e volta, pra cidade da janela, pela janela
pras luzes, pras ruas, pras serras...
volta pra essas minas de cá
as de lá ainda hei (porque sei, que sou de muitas minas)