sexta-feira, 11 de abril de 2008

Série - não palavras de campo

Ainda perdida pelas bandas do São Julião, há mais de 20 dias...

Sinto cada vez mais falta. Ando me sentindo sozinha. É essa solidão de amigos, de irmãos, de mãe e pai, de amores.
Penso no chegar e no abraço forte.
Penso em deitar ao lado de Emeli e ficar ali.
Penso em dar vários beijos fortes...
Penso na falta que é minha e que talvez não seja dele.
Penso em mãe e em mais saudade...

Penso em arqueologia e vem mais saudade. Das pessoa, dos artefatos, da terra.
Onde tem mais de mim? Penso nas fotos e nas palavras.

Me perco de novo.
Me perco em tornar o novo cotidiano e já não diferencio tristeza, cotidiano, solidão, satisfação, emoção.
Tudo se misturadas em misturadas - e separadas - realidades. E a minha no meio - mas tão parcial a uma delas. Eu sei que é por ser filha de quem sou!


(Comunidade Quilombola de Marques, 20 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo - última narrativa épica)

Série - não palavras de campo

Sinto falta de mãe e queria saber das novidades de irmãs (das aulas). Sinto falta do entardecer na rua Conselheiro Lafaiete. Do cheiro da tarde quando o sol já se esconde atrás do prédio mais alto sombreando metade do quarteirão.

O cheiro do pão. Café. O vento frio do alto do bairro descombinando com o sol.

Beagá falta em mim.

(Comunidade Quilombola de Marques, 15 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

Série - não palavras de campo

Bichinhos de luz. Esses seres fantásticos que compõem a fauna noturna que cisma em habitar nossos quartos. Como eles eram chamados antes d invenção da eletricidade?

Uma aranha me espia do alto.




(Comunidade Quilombola de Marques, 11 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

Série - não palavras de campo

(terceira narrativa épica insensata do dia: terceira cor da caneta - a quarta eu usei ontem). Pra quem não tá lendo o meu diário (que não é de campo, só está em campo - é um diário itinerante de capa vermelha) a cor é PRETA!

Pois bem, essa terceira nota incoerente do dia é só pra dizer: o que fizeram com a minha letra?! Tenho escrito feito minha avó (Dona Rosa)! Que "V" é esse? De onde eu tirei esse bracinho dele? Alguém me engoliu...

Tenho uma letra para cada trabalho de campo. Ah, não! Essa é a letra bic 4 cores! Olha aquele "pois" no parágrafo anterior: porra... da vó Rosinha!



(Comunidade Quilombola de Marques, 04 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

Série - não palavras de campo

Me deram uma caneta de 4 cores. Agora meu caderno de campo parece um carnaval. Disseram que era pra eu escolher a cor conforme o tema. Mas.. quem disse pensou em 4 temas. Tudo desandou quando os temas tomaram vida própria e começaram a se articular uns com os outros.

Será que quem escolheu as cores da caneta (ou a caneta de quatro cores) pensou que falar de território-parentesco-história pode estar na mesma frase?

Antes da bic 4 cores existir como se fazia etnografia?
(será que só eu não consigo manter um padrão cromotemático?)



(Comunidade Quilombola de Marques, 04 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

Série - não palavras de campo

Não vou me prolongar em narrativas. Elas já são extensas. Apenas queria dizer da falta que vem com a noite. Falta de qualquer coisa que ficou lá, de onde venho ou onde quero. Um suspiro e um olhar vago. Falta que diz que nenhum lugar é preenchível. Falta de sempre.

Onde nos sentimos completamente (ou com quem)?



(Comunidade Quilombola de Marques, 03 de fevereiro de 2008, divagações em um caderno vermelho, que não é de campo, só vai pra campo - praticamente um caderno etnógrafo)

terça-feira, 1 de abril de 2008

doce palhaça de nariz de glacê