domingo, 1 de junho de 2008

de partida para lugar nenhum

é hora de sair de cena
junto meus cacos, recolho a cola (tudo na sacola)...
é hora de deixar ir, e ir...
nesse deixar e sair não há despedida, não há quem vá nem quem fica...
há o saber de ser deixado
(por mais que me tentem agarrar, me deixam ir)
não há despedida, não uma explícita despedida
há a palavra escrita que diz do que foi, do que sentiu e do que ficou
esse ficar das coisas sentidas
há esse pesar da dor de partir, partir sem nem sair do lugar
esse partir de um estado de inércia onde não há mais onde
(onde o horizonte se estreitou)
quando partir é por vezes significativo para uma das partes
(e a dor é apenas dela também)
esse partir noturno, de céu sem lua (que busca outra lua por hora que quer ser prolongada)
esse partir preciso e urgente, que já transgride a sanidade que falta
esse parte que é de um (eu sei, e a dor é de um, o um que foi único durante todo o tempo, a viagem, o processo, a construção do que nunca existiu)
o um construiu o irreal mais profundamente vivido (é o máximo de viver fora da vida, esse construir uma não realidade)
e a palavra que não quer sair, porque enfatiza o partir, porque diminui o um, porque deveria ser mas sempre se escondeu em poréns e "e ses"
relação
esse não estar constante, esse partir constante, essa dúvida constante
é hora de deixar a não relação, a anti-relação
já passou da hora (eu digo, sem "e ses", porque e se já me cansei, e se você nunca está, e se você não quer)
já passou, por hora, já passou
sem sair do lugar
(é apenas a confirmação do que já estava previsto no início do script)

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