sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Ontem choveu no futuro.
Águas molharam meus pejos
Meus apetrechos de dormir
Meu vasilhame de comer.
Vogo no alto da enchente à imagem de uma rolha.
Minha canoa é leve como um selo.
Estas águas não têm lado de lá.
Daqui só enxergo a fronteira do céu.
(Um urubu fez precisão em mim?)
Estou anivelado com a copa das árvores.
Pacus comem frutas de carandá nos cachos.


(Manoel de Barros, O livro das ignorãças)

2 comentários:

Anônimo disse...

Outro dia melhor vêm por aí, acredite.

Capitu disse...

agora é hora de refazer...