domingo, 1 de julho de 2007

memória

    Amar o perdido
    deixa confundido
    este coração.

    Nada pode o olvido
    contra o sem sentido
    apelo do Não.

    As coisas tangíveis
    tornam-se insensíveis
    à palma da mão

    Mas as coisas findas
    muito mais que lindas,
    essas ficarão.

    (Carlos Drummond de Andrade)


Tenho essa mania, um velho hábito, de amar as coisas perdidas.
Sofro dos dilemas insolucionáveis, de pessoas imutáveis, amores incuráveis...
Mas é também um sofrer passivo, consensuoso.
Um sofrer de querer, um querer sofrer... Um certo prazer na dor.
A extensão do prazer no não finalizar das coisas.
O prolongado da dor no saber das nãos correspondências.
A expectativa de um dia haver a correspondência,
E o insandecer no esperar...
Esperar que a dor tenha fim
Que a espera tenha fim
Que no fim é a espera da própria espera...



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